Pró, cadê mainha?

O primeiro dia de aula a criança tem a felicidade de apagar da memória, mas nenhuma mãe esquece. Com a minha não seria diferente: a mais nova com um ano e alguns meses chorava pra ficar quando ela me deixava no colégio, enquanto eu com três anos, para fazer essa transição... bem, foi um pouco mais complicado.

Tudo preparado para o primeiro dia de aula: merendeira nova, mochila do ratinho, tudo rosa do jeito que eu gostava, tudo lindo. Fui caminhando de mãos dadas com minhas mãe até a escola com muita animação, eu falava das minhas expectativas, da pró, de como seria legal estudar. Mas ao adentrar o corredor, com a aproximação gradual da sala de aula, as coisas não pareceram tão simples assim - nem pra mim, nem pra minha mãe.

Fui recebida com um caloroso "olá, Gessica!" da professora e sentei na minha carteira. Até que... "Cadê mainha??" É claro, eu comecei a chorar. Minha mãe voltou e foi orientada pela professora a ficar sentada ao meu lado na outra carteira por um tempo, até que eu me adaptasse e começasse a interagir, e assim ela fez. Estava distraída fazendo meus desenhos, até que ouvir um "tchau, filha, mainha já vai" foi motivo para mais choro e o desespero geral da nação. Então, um tempinho a mais e as coisas devem melhorar... Ouvi que a pró ia cantar a música da lagartixa, da barata, da formiga, do passarinho, qualquer música que me deixasse ali, esquecendo que estava sem a presença da minha mãe. Ela levanta e eu... vou correndo segurar a blusa dela, pedindo que ela ficasse.

Lá se foram as horas... duas, três, três e meia... minha mãe desistiu. Vamos voltar pra casa, a paciência já era! Quem sabe amanhã.

Mas não houve amanhã feliz pra ninguém. Nem depois de amanhã. Nem depois. Vamos tirar essa menina da escola, porque tá difícil!

Na metade do ano, minha tia assumiu a direção de uma escola municipal e essa era a chance de que desse certo. Fui com minha mãe até lá, fiquei na sala da minha tia e depois de distraída e acomodada, minha mãe pode finalmente ir pra casa. No início, todos os dias eu tinha que passar primeiro pela sala da minha tia para depois ir para a sala de aula, até acostumar.

E assim, só assim, minha mãe e eu pudemos fazer uma transição mais tranquila. rs

Obra de arte para o papai!



Arrumada para a escola (a que deu certo): toda orgulhosa com a merendeira e a mochila nova.
Sou uma estudante!


Veja o que diz a teoria