sábado, 20 de novembro de 2010

Te peguei, Papai Noel!

Aspectos Físicos, Cognitivos e Psicossociais

A terceira infância está inserida por volta dos 6 a 11 anos. Segundo nos diz Piaget, quando as crianças atingem essa idade entram no estágio de operações concretas e podem utilizar operações mentais para resolver problemas reais, do aqui e agora. Elas tem capacidade de pensar logicamente, levando em consideração um maior número de variáveis para a resolução dos problemas, quando são atingidos plenamente o entendimento de identidades, espaço, causalidade, categorização e número, assim como o avanço no pensamento simbólico. Esse processo de pensar simultaneamente sobre vários aspectos é denominado por Piaget como o descentrar, que também possui relação com a redução do egocentrismo – a incapacidade de considerar um ponto de vista que não seja o seu.

Percebendo que havia uma possibilidade real da inexistência do Papai Noel, formulei um plano minuncioso baseada nas informações que tinha por parte dos meus pais e o que pude observar sozinha, seguindo uma lógica: Papai Noel sempre vem, e pode encontrar a carta em todo lugar, então se ele não encontrar onde eu esconder é porque ele não existe.

Por essa característica de concretude dos pensamentos, a linha entre o real e a fantasia que era muito tênue na segunda infância torna-se mais definida, e o que é palpável passa a ser mais relevante.

"Comecei a desconfiar mais ainda daquela história toda, afinal toda criança escuta de alguém que Papai Noel não existe. Naquele Natal eu resolvi fazer diferente, eu precisava descobrir."

A emoções de vergonha e o orgulho, que dependem tanto da consciência das implicações de suas ações quanto do tipo de socialização que as crianças receberam, são internalizados nessa fase.

As crianças começam a ser questionadas pelos adultos se acreditam ou não em Papai Noel, e passam a se sentirem pressionadas a dar uma resposta socialmente adequada - que precisa ser encontrada de algum modo. Do contrário sentem a vergonha por não corresponderem às expectativas.


O raciocínio indutivo se desenvolve a partir da melhora na capacidade de categorização, e a partir de observações sobre eventos específicos levam à generalização para uma evento maior da mesma classe.

Se meus pais diziam que Papai Noel encontrava a carta embaixo da cama ou na árvore de Natal, então ele podia encontrar no guarda-roupa também, e em qualquer outro lugar. Isso também foi dito pelos meus pais, mas foi reforçado pelo meu próprio raciocínio. Como quem diz: é, até que faz sentido o que eles me contaram.

O aperfeiçoamento da memória é observado, entre outros fatores, com o uso de estratégias para lembrar, sendo as mais comuns os recursos mnemônicos externos (como anotar um telefone, registrar um ponto de referência na rua, destacar alguma coisa escrita das outras usando uma cor diferente)

"Passei a olhar todos os dias, e ela sempre estava no mesmo lugar, exatamente como eu deixava. Eu sempre deixava alguma marca, alguma meia em especial por cima, pra saber se ele teria mexido ou não. E sempre tudo igual."

O raciocínio moral se torna mais maduro também, deixando de levar em conta apenas a infração e as consequencias e se tornando mais flexível. O aumento no número de interações com pessoas e seus pontos de vista faz a criança perceber que não existe um padrão único e absoluto sobre o certo e o errado e começar a criar o seu código moral baseado nessas interações. A capacidade de considerar mais do que um aspecto de uma situação permite julgamentos morais mais sutis, porque elas conseguem se colocar no lugar dos outros.

"Não senti raiva. Pelo contrário, me admirei pela criatividade deles, e por todo o cuidado que tiveram por tantos anos em proteger aquele segredo, fazendo o que podiam para retribuírem minhas expectativas. Tudo para manter a mágica de todo Natal. Conseguiram se tornar mais heróis que o Papai Noel."

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