sábado, 20 de novembro de 2010

Segunda Infância

Aspectos Físicos, Cognitivos e Psicossociais

Por que essa história teve poucos detalhes?

Graças à amnésia infantil, tudo o que foi escrito veio apenas da memória e do viés da minha mãe. Isso acontece por causa da formação da memória autobiográfica, que tem um começo bastante variável, mas em geral acontece por volta dos quatro anos. Ela se refere às lembranças que formam a história de vida de uma pessoa, são específicas e de longa duração. Possui relação com o desenvolvimento da linguagem, pois somente depois de traduzir as lembranças em palavras é que as crianças conseguem manter essas memórias, refletir sobre elas e comparar com as memórias dos outros. Tudo o que eu lembrava desse episódio era de eu e minha mãe num corredor bastante claro e vazio, de mãos dadas, e ela me falando qualquer coisa da lagartixa – era a música que ela dizia que a professora ia cantar comigo.
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A entrada na pré-escola é uma etapa importante e também muito abrupta na vida da criança, pois há uma ampliação significativa do ambiente físico, cognitivo e social. Éimportante porque promove um desenvolvimento através da interação com professores, colegas e realização de atividades, e é um novo ambiente para explorar onde as crianças tem a chance de aprender a se relacionar com os outros e a desenvolver habilidades como cooperação, negociação, e autocontrole, além de perceberem que são competentes.

Entre os 3 e 6 anos as habilidades motoras gerais – que envolvem os grandes músculos – aumentam e refletem num caminhar, correr e pular mais coordenados, graças ao desenvolvimento das áreas sensória e motora do córtex e a ossos e músculos mais fortes.

"Fui caminhando de mãos dadas com minhas mãe até a escola com muita animação..."

As habilidades motoras refinadas dependem de uma coordenação entre mão, olhos e pequenos músculos, e possibilitam quem a criança tenha atividades como fazer desenhos – que depende da habilidade de segurar o lápis e a coordenação para reproduzir, rabiscar, pintar o que deseja. Nessa idade elas já conseguem desenhar formas e a combiná-las para formar desenhos mais complexos.

"Estava distraída fazendo meus desenhos, até que ouvir um 'tchau, filha, mainha já vai' foi motivo para mais choro e o desespero geral da nação."

A linguagem desenvolve-se muito rapidamente, e no geral uma criança sabe usar 900 a mil palavras diferentes e utiliza cerca de 12 mil por dia graças ao rápido mapeamento, de forma que a criança ouvindo apenas uma ou duas vezes assimila o que a palavra significa. Os avanços visualizados são o uso do plural, pronomes possessivos, pretérito e a diferenciação de pronomes, e os erros ocorrem por ainda não terem aprendido sobre as exceções às regras. As frases geralmente são curtas e simples, declarativas, mas também podem perguntar e responder perguntas sobre "o que" e "onde".

"Fui recebida com um caloroso 'olá, Gessica!' da professora e sentei na minha carteira. Até que... 'Cadê mainha??'"

A pragmática também se desenvolve nessa fase, que é o conhecimento prático de como utilizar a linguagem para se comunicar – como contar uma história e saber manter uma conversação. Essas são características da fala social, na qual a intenção da criança é ser compreendida pelo ouvinte. Fica também mais fácil para as pessoas entenderem o que elas dizem porque sua pronúncia e gramática estão mais desenvolvidas. A fala social é reflexo da superação do que Piaget denominou fala egocêntrica – embora as críticas à essa ideia confrontem que desde muito pequenas as crianças comunicam-se entre si tanto por gestos quanto verbalmente.

"Fui caminhando de mãos dadas com minhas mãe até a escola com muita animação, eu falava das minhas expectativas, da pró, de como seria legal estudar."

Medos passageiros são comuns na segunda infância e a maioria desaparece à medida que as crianças crescem e perdem sua sensação de impotência. Os pais podem ajudar na prevenção desses medos promovendo um sentimento de confiança na criança. Medos comuns nessa fase são o medo do escuro, de animais ou da separação do cuidador.
"Até que... 'Cadê mainha??' É claro, eu comecei a chorar. Minha mãe voltou e foi orientada pela professora a ficar sentada ao meu lado na outra carteira por um tempo, até que eu me adaptasse e começasse a interagir, e assim ela fez. Estava distraída fazendo meus desenhos, até que ouvir um "tchau, filha, mainha já vai" foi motivo para mais choro e o desespero geral da nação."

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